sábado, 25 de fevereiro de 2023

Agência ZD Publicidade

Bem-vindo à Agência ZD Publicidade, uma agência antenada e criativa que vem conectando marcas e pessoas onde quer que elas estejam. Nosso objetivo é entregar os melhores resultados para nossos clientes através de campanhas criativas e assertivas, baseadas em pesquisas, monitoramento e cruzamento de dados.

Possuímos uma grande variedade de serviços, entre eles gestão de redes sociais, SEO para sites e blogs, links patrocinados (Google Ads e Instagram/Facebook Ads), criação de identidade visual, criação de websites e muito mais.

Juntos, podemos ajudar a resolver seus desafios de marketing, expandir seus negócios e fazer o trabalho do qual todos nos orgulhamos.


Por que nossos clientes confiam em nós?


Confiança é a base de tudo, quer seja nos negócios ou na vida. Na ZD tanto a confiança como o respeito são dois dos pilares da agência.

Além de respeito pelo cliente (e não, isso não é um diferencial, mas uma obrigação de todos), prezamos por cada segundo do seu tempo e cada centavo do investimento que ele está fazendo ao confiar em nossas ações e estratégias.

Por fim, como informação não é algo escasso por aqui, fazemos questão de atualizá-los de cada processo, e claro, oferecer um suporte funcional e uma assessoria inteligente que aponta problemas e apresenta soluções e novas oportunidades de negócios.

Como nossos serviços conectam os seus clientes a você?

REDES SOCIAIS

Interaja, construa relacionamentos e fortalecer sua marca nas Redes Sociais


MARKETING DE CONTEÚDO

Gerar conteúdo através de blogs é uma excelente estratégia para promover sua marca ou produto a um determinado público.


ANÁLISE E GESTÃO EM SEO

Não basta produzir bons conteúdos para blogs, é necessário que ele também seja encontrado pelos mecanismos de buscas.


ANÚNCIOS PATROCINADOS

Anunciar sua marca nos canais certos e de forma estratégica pode acelerar o crescimento da sua empresa.


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O seu site representa a sua empresa no mundo virtual. Ele deve ser tão (ou mais) elegante que sua sede física, e claro, funcional.


CRIAÇÃO DE LOGOTIPO

Marcas são como pessoas. Elas destacam através de suas características e atitudes únicas.


IMPRESSOS E DIGITAIS

Os materiais digitais vieram para ficar e fortalecer a comunicação impressa que toda empresa necessita ter.


Agência digital de publicidade e marketing digital voltada a pequenas e medias empresas. Nossos serviços conectam os seus clientes a sua empresa através destes serviços:


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Estamos ansiosos para conhecer o seu negócio.

sábado, 1 de dezembro de 2012

CONTOS DO APOCALIPSE ZUMBI - A GUERRA PELA SOBREVIVÊNCIA DA RAÇA HUMANA


Contos do Apocalipse Zumbi relata pequenas histórias da humanidade em busca da sobrevivência em meio ao caos que o mundo se transformou depois de uma pandemia global. Nossa primeira história conta como o velho Tom Parson, um senhor de 50 anos, lutou até o último momento tentando proteger sua propriedade dos zumbis. Você também conhecerá Lenny, um pai de família que busca incansavelmente uma possível cura para sua filha, Sofia, que foi mordida por um errante, e tudo enquanto tenta localizar sua esposa que está desaparecida.

PRÓLOGO
A única certeza que temos na vida é que a visita da morte é inevitável, mais cedo ou mais tarde ela nos procurará, sempre. Pode ser através de uma doença, de um acidente, através da violência ou outras incontáveis formas. Que a morte um dia vem não há dúvidas, porém nunca poderíamos esperar, literalmente falando, que ela pudesse de fato bater à nossa porta. Atualmente não há registros de quantos são os sobreviventes, no entanto, acreditasse que menos de 25% da humanidade ainda esteja viva.

Os principais fatores para que estejamos quase extintos é a falta de água pura, a escassez de alimentos comestíveis, medicamentos, e claro, os errantes, humanos que se tornaram uma espécie de canibais, popularmente conhecidos como zumbis. Ninguém sabe ao certo sua origem, porém é de senso comum que esta praga precisa ser extinta o mais depressa possível, isso se não quisermos ser nós os extintos.

Com a falta de pessoas, não demorou muito para que os combustíveis e a energia elétrica acabassem, isso porque não havia mais ninguém nas usinas de força para operá-las e alimentá-las. Aqueles que não foram mortos agora buscavam abrigos em lugares isolados longe de toda esta desordem.

As usinas nucleares, apesar de possuírem reatores capazes de abastecer energia por aproximadamente dois anos sem correrem o risco de derretimento em seus núcleos, entraram em modo de segurança em apenas três meses e se desligaram automaticamente, e tudo devido ao acúmulo de energia por falta de consumo.

Nem mesmo os geradores eólicos escaparam, pois sem lubrificação e manutenção adequada logo eles também pararam. Como consequência não só a internet, como os telefones e tudo o que era controlado por computadores agora estão offline.
As estradas estão intransitáveis após a população tentar utilizá-las como rota de fuga em frustradas tentativas. Todos os grandes centros urbanos estão desertos, agora são como grandes armadilhas.

Comunidades menores criaram barreiras para que nada chegue até elas, partem do princípio “construir abismos ao invés de pontes”, já outras formaram gangues e milícias, e buscam todos os tipos de suprimentos, todos mesmo.
Milhares de errantes estão espalhados pelas cidades. Vivemos num mundo sem leis, a sociedade como conhecíamos se desintegrou. Uma nova Era começou, a Era da Sobrevivência. Nada poderia nos preparar para o que aconteceu, nem mesmo nossos líderes poderiam prever tal catástrofe.


LÁ VEM O SOL
Estados Unidos - Texas
Lá estava ele sentado no pé de uma árvore, agonizando, sofrendo, olhando para o horizonte o que seria seu último nascer do sol, apenas esperando a morte chegar. Abaixando a cabeça, ele levou até seu ferimento uma das mãos e o pressionou. Ao voltar a palma para seus olhos pode ver o sangue que pingava pelos dedos. Era o sangue de uma mordida, uma profunda mordida de uma “criança”, mordida esta que faria com que Tom Parson, um homem de meio século de história, perdesse sua vida. Sua mente girava como um pião. No fundo sabia que não teria muito tempo de vida, sabia também que não havia condições de buscar qualquer tipo de ajuda.

- A quem eu estou enganando? Quem poderia me ajudar – hummm – numa hora destas? Não há nada que possa ser feito. Só espero – hummmmmmm – DROGA, QUE DOR – que me matem antes de que eu possa matar alguém.
Agora só lhe restava se lembrar dos bons momentos do qual a vida lhe presenteara. Com dificuldades, em meio aos fragmentos de imagens em sua cabeça, se lembrou de como era sua vida antes dos errantes. Lembrou do nascimento de cada um de seus três filhos, de seus netos e de quando se casou com Catarina, seu grande amor. Esforçou-se ao máximo para se manter lúcido.

Antes que seus olhos se fechassem por completo ele ainda conseguiu ver o sol alaranjado completamente, então em meio aos gemidos começou a cantarolar uma velha canção:
- Here comes the sun, here comes the sun and I say, it’s all right.......hummmm.


13 HORAS ATRÁS
Tom acordou assustado em meio àquela tarde de outubro. Sonhava que filmava Catarina dar a luz a seu quarto filho. Após os médicos efetuarem a Cesária, uma criança, toda ensanguentada, saltou do ventre e cravou os dentes nele. - “Malditos pesadelos” – Acordou praguejou assim que viu que nada daquilo era real.
- Droga, já passa das 5 da tarde.
Olhou para o lado e por uma das frestas das taboas que bloqueavam a janela, conseguiu ver uma tímida claridade querendo entrar em sua residência. Levantou-se, e antes mesmo de preparar algo para comer, se equipou com suas armas, uma faca de caçador, que lembrava uma pequena espada persa, e um velho, mas mortal Magnum 44 Taurus.

Através de um alçapão, que dava acesso a parte inferior da casa, localizado na cozinha, ele se deslocou até o lado de fora da casa e foi até o poço. Tudo que tinha que fazer era verificar se por ali não havia nenhum errante, descer o balde até o fundo, puxa-lo novamente e estocar mais um pouco daquele precioso líquido, e foi isso que ele fez, porém algo de inusitado aconteceu quando ele trouxe o balde à superfície.
- Caramba, caramba, que merda é esta?

O líquido era bem diferente do que ele estava acostumado a ver nestes últimos tempos. Era viscoso e escuro, lembrava a xarope. Não sabia o que era, mas de uma coisa tinha certeza, não era água pura, principalmente levando em conta o odor. Só tinha uma coisa a fazer, ir até o local de onde a água vinha, o riacho Pedacinho da Vida.
- Que bom, nada como começar o dia com surpresas. O serviço de água e esgoto desta cidade está de mal a pior – brincou com a situação em tom de ironia. Assim que entrou novamente em casa Tom comeu o que restou de seu almoço, um coelho assado e bebeu um gole de um forte chá. Antes de sair em busca de uma solução para seu problema ele verificou suas armas mais uma vez e colocou junto ao corpo um cantil de água e seu chapéu de cowboy da sorte. Mal sabia ele que sorte era algo que precisaria naquele dia, e muito.


DESTA ÁGUA NÃO BEBEREI
Quinze minutos de caminhada entre as matas e um quilometro e meio depois de sua partida, Tom se deparou com aquilo que um dia foi um riacho. Havia vários corpos humanos dentro do riacho. Alguns destes ainda nem estavam em estado de decomposição, já outros. Uma pedra estava fazendo com que os corpos que ali batessem não ultrapassassem a área, o que resultou num cemitério aquático. A pedra sempre esteve ali, já os corpos não.

- Acho que teremos que mudar o nome deste lugar de Pedacinho do Vida para Pedacinhos da Morte - brincou.
Foi então que percebeu que se encontrava em sérios problemas, isso porque toda a água que ele tinha acesso vinha deste local, e uma vez que ela estivesse infectada, ela estaria imprópria para consumo. Aquele riacho era o único lugar da região onde ele poderia se abastecer.

Sabia o que tinha que fazer, remover os corpos da pedra a fim de que a água pudesse fluir novamente e assim seu poço também poder receber água limpa. Não gostava da ideia de ter que mexer nos corpos, afinal algum deles ainda poderia estar “vivo”. O serviço sujo tinha que ser feito, quer ele quisesse, quer não.

Apesar de seus 50 anos, Tom não aparentava a idade, isso porque sempre teve uma vida ativa no campo, uma alimentação exemplar, hábitos que o tornou um dos poucos sobreviventes, se não o único, da região. Ele lembrava muito o marinheiro Popeye, não era provido de altura, em compensação tinha músculos de sobra de dar inveja a qualquer jovem frequentador de academia. Há alguns anos vinha raspando a cabeça, eliminando assim seus últimos fios grisalhos. Tomou esta decisão após um errante ter consigo puxá-lo pelo cabelo.

Pegou sua faca e cortou um galho grosso de uma árvore próxima. De um lado poderia ser usado como uma alavanca, de outro como uma lança improvisada. Com suas mãos calejadas ele tomou a ferramenta e cutucou cada corpo para ver se alguém esboçava alguma reação. Ele poderia ter usado a lança direto na cabeça dos errantes e acabar com esta dúvida, porém ele preferia evitar tal atitude, nunca gostou de ferir ninguém, nem mesmo depois de morto.

A cena dos corpos acumulados no riacho era digna de um dos capítulos da Divina Comédia de Dante Alighiere, mais precisamente durante sua passagem pelo inferno. Alguns estavam inchados, com os olhos saltando a órbita, outros estavam desfigurados como se a carne humana já não fosse mais carne, mas sim plástico deformado e alguns com partes do corpo faltando.
- Que droga, odeio este serviço. De onde vocês vieram? Por que estão aqui? Já sei, estava calor então resolveram tomar um banho de riacho. Aposto uma caixa de cerveja que estou certo.
Quanto o homem foi retirar o primeiro corpo da água, puxando o ser cadavérico pelos pés, algo desagradável aconteceu, as pernas se desprenderam do cadáver. A carne estava se decompondo devido o tempo que permaneceram no local. Tom sabia que apenas com um pedaço de pau e com as mãos não conseguiria removê-los. Tinha que usar algo mais plano, algo como uma grande pá ou uma rede.
De repente um forte barulho chamou sua atenção, dois tiros, e na sequência mais um e depois nada além do silêncio. Ele olhou na direção do som e ainda segurando as pernas do morto pensou: “O barulho veio daquela direção, da direção de casa”.


LAR, DOCE LAR
Mais que depressa ele recolheu seus objetos, deixando ali apenas o galho e correu cuidadosamente, alguém poderia estar precisando de ajuda ou na pior das hipóteses este alguém poderia estar tentando roubar suas coisas. Ao se aproximar de casa ele pode perceber uma movimentação desagradável, os errantes estavam ali, estavam agitados e isso não era tudo, eles conseguiram de alguma forma invadir seu lar. A porta da frente estava no chão, havia sido arrombada, e por cima dela estavam dois zumbis caídos e imóveis.

- Era o que faltava agora. Como se não bastasse o problema da água, agora isso. E para piorar o barulho dos tiros deve atrair mais algumas dezenas de criaturas pra cá. Tenho que ser rápido.
Sua preocupação não era à toa, afinal todo seu estoque de comida, água, remédios e munição estavam lá dentro. Agora a suspeita de roubo já não era tão obvia, isso porque os zumbis aos poucos começaram a vagar cada um para um lado, e isso só podia significar uma coisa, não havia mais qualquer ser vivo naquele local.
Por ser um homem do campo, Tom aprendeu a usar a natureza a seu favor, desde criança já sabia fazer armadilhas para capturar pássaros e outros seres que acabaram virando churrasco. O tempo e os errantes só fizeram esta habilidade ficar ainda melhor. Agora ele era praticamente um expert no assunto, sabia criar qualquer tipo de armadilha com os recursos que tinha em mãos. Muitos militares treinados para sobreviver ao extremo teriam inveja de suas habilidades.

- Tenho que atrair o máximo deles para as armadilhas e limpar a área para eu poder entrar em casa, pois não demorará muito para anoitecer.
Assim ele pegou uma pedra do tamanho de um punho, prendeu a respiração, mirou o alvo e jogou. – Headshot – disse dando uma risadinha. O errante ficou procurando quem lhe acertará a cabeça. Não demorou nada até achar o velho que balança os braços chamando sua atenção.
- Ei, qualé, traga alguns amigos para festa também companheiro.
Junto vieram outros quatros zumbis. O som emitido por eles era como o som de cães rosnando prestes a avançar em sua presa. Se por um lado eles eram lentos, por outro eram letais quando estavam em grupo. Era de longe o pior predador que nosso planeta já conheceu.

Ao se aproximarem de Tom, que já estava estrategicamente posicionado, então pôde se ouvir algo cortando o ar – fuuuuim – Eles pararam e não conseguiram mais avançar. Isso porque um pedaço de um duro galho envergado acertou em cheio os cinco no peito prendendo-os entre os espinhos pontiagudos. Tom só teve o trabalho de tirar sua faca da bainha, ir por trás de cada um e perfurar suas cabeças.
- Cinco a menos!
Assim aos poucos ele acabou com outros onze errantes que estavam do lado de fora. Agora ele poderia entrar em casa e começar a varredura lá dentro. Ele adentrou a casa, tinha que ser cauteloso nos passos, pois a casa construída há mais de 60 anos denunciava qualquer um emitindo baralhos vindo das longas madeiras do chão.

A cada passo um novo barulho – nhéim, nhéim, nhéim – Apesar do barulho Tom também conseguia ouvir as batidas do seu coração. Ele estava suando frio e não sabia se era pelo esforço da última luta ou de medo mesmo. A segunda opção era mais provável. “A lanterna, onde deixei a maldita lanterna?” – pensou. Sabia que não poderia continuar a busca com aquela iluminação. Então ele se lembrou – “na mesa da cozinha, isso mesmo, deixei lá a lanterna”.

Como um gato, movimentou-se lentamente até a mesa e lá estava. Deslocou o dedo polegar pelo botão e um facho de luz cortou a escuridão, iluminando parte do ambiente. Tom então verificou tudo a sua volta iniciando assim sua varredura: - Cozinha, limpo - Sussurrou ainda com a voz tremula.

Com a mão direita empunhou a faca, com a esquerda segurou a lanterna. Ao chegar no quarto viu um corpo caído no chão e dois errantes ajoelhados ao lado devorando o pobre coitado. Colocavam na boca as viceras retiradas do estomagado do rapaz recém morto. O sangue pingando do maxilar das criaturas era tão horrível de se ver quanto ouvir o som dos órgãos da vitima sendo despedaçados, rasgados, mutilados. Aquilo tudo era indescritível. Tom nunca esteve tão perto da morte quanto estava agora. Estava paralisado vendo aquela monstruosidade.

Um dos errantes percebeu que alguém de “diferente” os observara. Lentamente o devorador virou a cabeça e voltou o olhar para Tom. Rapidamente ele pegou sua faca e cravou a lamina em sua têmpora. O segundo errante sem entender direito o que estava acontecendo também conheceu a faca de Tom antes mesmo que pudesse olhar para o rosto dele.
Agora que o lugar estava sem errantes ele pode com calma investigar o corpo daquele rapaz. Com um certo nojo retirou alguns pedaços estraçalhado do intestino de perto do bolso da calça e então verificou se descobria algo.

- Oras, oras, o que temos aqui? Um diário, uma caneta, um isqueiro, alguns remédios e uma foto de uma família feliz. Ao centro uma garotinha que aparentava 8 anos. Parecia uma princesa de tão charmosa. Do lado direito uma linda moça latina de aproximadamente 30 anos e à esquerda o rapaz que ali se encontrava sem vida e sem alguns dos órgãos.

- Vocês pareciam ser felizes. Sinto muito por você meu jovem.
A noite chegara, Tom limpou toda aquela bagunça retirando os corpos de sua casa e arrumou, provisoriamente, a porta. Qualquer coisa era melhor do que deixar seu lar exposto à mata lá fora. Após quase tudo estar no jeito, Tom acendeu o lampião da sala e deu uma lida no diário. Descobriu que o rapaz tinha um nome, era Lenny H. Gordan, pai de Sofia e marido de Maria Mercedes. Eles estavam na estrada já havia um mês desde que sua comunidade foi invadida pelos errantes. A última anotação fora escrita a menos de 48 horas e ali não havia qualquer relato de como se separou da mulher e da filha. Enquanto lia sua lanterna começou a apresentar sinais de que a bateria estava fraca e ele não pode terminar de ler o restante das anotações:
- Acho que é hora de acender os lampiões.
Antes que ele pudesse acender o primeiro lampião, um barulho vindo da cozinha chamou sua atenção. Seu coração quase saiu pela boca. Acendeu o lampião, empunhou sua Magnum e caminhou lentamente para verificar de onde àquele misterioso som estava vindo. A cozinha estava limpa, tirando alguns poucos animais empalhados que faziam parte da decoração, ninguém mais estava naquela instalação.

- CARAMBA, A JANELA DA COZINHA!!!
Por mais velha que as madeira que cobriam a janela da cozinha pudessem ser, também não parecia ter sido dali que veio o estranho barulho. Tom ficou intrigado, não estava louco, sabia que ouviu algo, foi então que ele pensou em uma possibilidade – “será que restou algum errante do lado de fora e ele está querendo entrar? ”
- AAAAAAAAAAAAAHHHHH – gritou Tom com toda sua força.
Tarde de mais. Um errante que estava na parte inferior da casa, abriu o alçapão da cozinha e conseguiu cravar seus dentes de leite abaixo da batata da perna dele. Agora caído no chão ele só pensava em afastar aquela coisa de perto dele. Pegou sua arma, apontou para a cabeça da criatura e puxou o gatilho desesperadamente por várias vezes. O primeiro tiro acertou o ombro daquele pequeno ser, os outros restantes foram todos certeiros na cabeça.
- AI MEU DEUS, MEU DEUS, MEU DEUS. SANGUE, FUI FERIDO!
Olhando para a mordida ele pode ver o tamanho do estrago. A parte inferior traseira de sua perna havia sido estraçalhada. Ali, cravado na carne ainda estava um pequeno e afiado dente canino. A dor era insuportável. Antes de perder a consciência Tom olhou bem para o rosto esburacado daquele zumbi e reconheceu a pequena garota, era Sofia, a menina da foto do diário. Ele apagou.


MOMENTOS ANTES
Há dois quilômetros do riacho, onde se encontrava Tom naquele momento, Maria e Lenny, que carregava Sofia no colo, corriam como loucos em busca de um abrigo para cuidar de sua filha. Um errante conseguiu morder o ombro da garota. O pai da pequena já tinha ciência do que acontecia com quem era infectado, mas nem ele nem a mãe da garota queriam dar o braço a torcer. Os sintomas apresentados apontavam que o tempo da garotinha era pouco. A preocupação de Lenny era tamanha que ele não notara a distância que já tinham percorrido desde que começaram a fugir do grupo de errantes que os atacou horas antes.

- Ei, Maria, veja, uma casa, vamos, quem sabe alguém pode nos ajudar?
Não demorou para o tom de esperança da voz do rapaz virar desespero:
- MARIA! MARIA! ONDE VOCÊ ESTÁ? – Começou a gritou ao perceber que sua parceira já não estava mais ali.
Lenny não tinha notado, mas em alguma parte do trajeto Maria havia ficado para trás. Tentando conter as lágrimas, ele olhou para a filha e tentou focar seus esforços na criança.
- ALGUÉM EM CASA? POR FAVOR, PRECISAMOS DE AJUDA! ALGUÉM, POR FAVOR! – tentou argumentar inutilmente enquanto batia na porta.
Sem saber o que fazer só pensou em uma coisa, arrombar a porta e buscar remédios para Sofia. Não precisou dar três soladas naquele pedaço de madeira para que ela viesse abaixo. Pronto, eles conseguiram entraram, agora era só fazer uma rápida varredura e começar os cuidados com a criança.

- Minha filha, descanse aqui, o papai já volta.
Em poucos segundos ele percorreu toda casa, ela estava limpa de infectados, pelo menos por ora. Sem se dar conta, enquanto Lenny chamava por Maria, ele conseguiu atrair a atenção de alguns errantes que estavam por ali.
- Wuâââââââââââââââââããããããã...........
Ouvindo àquele som familiar ele foi até a porta e viu dois zumbis entrando. Rapidamente ele sacou seu 38 e deu dois tiros certeiros na cabeça. Ambos caíram e ficaram por ali mesmo. Com passos acelerados ele vasculhou a casa em busca de algum lugar seguro. Olhando para o chão da cozinha achou algo diferente, parecia uma passagem subterrânea. Se aproximando mais pode ver que era um alçapão. Ele o abriu. - Que bom, acho que a Sofia ficará em segurança aqui enquanto procuro Maria.

Voltou até o local que tinha deixado a pequena: - Filha, filha, acorda filha, vem no colo do papai. Tudo vai ficar bem, eu prometo. – Disse estas últimas palavras com lágrimas nos olhos. Com todo cuidado ele desceu Sofia até a parte inferior da casa e a acomodou. Seu coração estava apertado, não queria deixar a filha ali, mesmo que por uns instantes, mas também não poderia deixar sua parceira lá fora. Dali alguns instantes Sofia já não seria mais a mesma, mas isso o pai da garota jamais saberia. Lenny saiu do local, fechou o alçapão e antes de procurar a mulher resolver buscar alguma arma ou munição extra que pudesse ajudá-lo. No quarto achou um baú, soldado ao chão e lacrado com um cadeado.

Independentemente do que tivesse lá, tinha que ser algo de útil, afinal estava bem guardado. Abriu o tambor de sua arma e viu que ainda lhe restavam duas balas.
Mirou com todo o cuidado para não errar o alvo e atirou. O impacto da bala foi o suficiente para quebrar a tranca. Com certo esforço abriu a pesada tampa e pode ver o que de tão precioso havia ali. Três mechas de cabelos, duas enroladas em uma fitinha azul e uma outra mecha numa fitinha rosa, três pequenas correntes de ouro, onde o pingente era um dentinho de criança, fotos de toda uma família reunida, desenhos riscados a giz de cera no papel sulfite e um álbum de casamento. O restante eram diplomas, documentos e uma pequena quantia em dinheiro. Nada de remédios, armas ou munições.

Antes que Lenny pudesse praguejar a peça que o destino lhe aplicara, o rapaz foi surpreendido por dois errantes que o pegaram pelas costas. O pobre rapaz não teve tempo de dar qualquer investida, a última coisa que pode ver antes de morrer foi sua barriga sendo rasgada por mordidas de um zumbi enquanto o outro continuava tentar morder seu pescoço.


REVELAÇÕES
O dia já estava amanhecendo, alguns raios de sol tocavam o rosto do velho agora todo ensanguentado. Aos poucos ele abriu os olhos e se lembrou do que aconteceu nas últimas horas. Ele estava fraco, não entendia como ainda não havia morrido ou se transformado numa daquelas coisas: “acho que alguém lá em cima gosta de mim” – pensou. Com as poucas forças que lhe restaram, se arrastou até a porta, conseguiu destrancá-la e foi até uma árvore, queria morrer com dignidade. Lá se encostou e ficou apreciando durante alguns minutos o nascer do sol enquanto cantava uma canção.
- LENNY....LENNY MEU AMOR!
Os gritos de uma mulher, que mesclava desespero e tristeza, vinham de onde Tom havia deixado os corpos perto da casa na noite anterior. O barulho chamou sua atenção. Ele olhou lentamente para o local.

- NÃO, NÃO, MINHA FILHA NÃO! SOFIA, FALE COM A MAMÃE, SOFIA, SOFIA. NÃO...POR QUÊ! – Desta vez os gritos vieram de dentro da casa.
- Aqui fora. Aqui.....fora. Por favor....aqui na......árvore. Socorro! – Tom, que agora expelia sangue pela boca enquanto tossia, tentou atrair a atenção da pessoa para ele. Suas esperanças de ser ouvido eram mínimas, porém ele conseguiu.
Correndo ainda em frenesi, a moça foi até a arvore e achou o velho moribundo. Com lágrimas no rosto e com um olhar congelante ela perguntou:

- O que aconteceu aqui? Por que meu marido e minha filhinha estão mortos?
Tom reconheceu aquela linda jovem latina, era Maria, esposa de Lenny e mãe de Sofia. Na medida do possível, explicou tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Disse que era o dono da casa e que ela foi invadida pelos errantes, porém ele conseguiu se livrar de alguns deles através das armadilhas. Quando a palavra “armadilha” foi dita, Maria enlouqueceu:

- Então você é o responsável pelas malditas armadilhas? Muito bom isso – ironizou. Saiba que graças a você, eu cai em uma de suas brilhantes armadilhas durante nossa fuga e quando minha família precisou de mim eu não estava lá para ajudá-los. Fiquei horas lá dentro de um maldito buraco tentando sair.
- Elas..... elas são necessárias. Além disso, graças às armadilhas pude entrar em casa e terminar de matar os errantes que mataram seu marido. Quanto à Sofia, ela saiu do alçapão da cozinha e me mordeu, não tive outra escolha a ser......a não ser.... ma...
Maria sabia qual a palavra que ele buscava, mas não queria ouvir. Sua cabeça estava a mil por hora. A emoção tomou conta da pobre mulher. Ela não sabia o que iria fazer dali em diante, não sabia mais como seria seu futuro, não sabia se quer se teria um futuro. A única coisa que sabia é que aquele velho todo ensanguentado pois fim a sua filhinha, e ela não queria saber se ela era uma errante ou não, Sofia era e sempre seria sua princesinha. A última imagem que ela tinha na lembrança de sua pequena ainda era de quando ela estava no estado Humano de vida.

Tom não tinha mais forças para falar, mal se mexia agora. Maria não tinha mais psicológico para pensar em nada. Foi então que a razão sussurrou ao seu ouvido. Dali alguns minutos àquele homem a sua frente deixaria de ser Humano e viraria um zumbi, um errante, um morto vivo. O único remédio para esta situação era uma boa dose cavalar de fratura craniana ou lesão cerebral.


A garota, ainda chorando, levantou a parte da frente de sua camisa suja de sangue com terra e retira uma arma. Era o 38 de Lenny, restando ainda uma bala no tambor. Ela se aproxima dele, fica de cócoras, a ponto de poder ficar olho no olho e aponta a arma para sua testa. Num último suspiro Tom diz:
- Obrigado.... por.....por....não deixar que eu ...vire um....deles minha jovem. - Não faço isso por você, velho, mas sim por Sofia e Lenny.
Ao terminar a frase ela puxa o cão da arma, coloca o dedo indicador no gatilho e com a mão esquerda abre o maxilar de Tom. Agora ela afasta a arma da testa dele e enfia o cano da arma na boca do pobre senhor.
O gatilho foi puxado, o cão da arma bate na bala. O projétil percorre pelo cano até sair pela nuca daquele condenado, juntamente com partes de seu cérebro, que fica colado no tronco daquela árvore centenária.
O barulho do tiro fez com os pássaros se assustassem e saíssem voando de medo. Maria pôs fim à vida de Tom Parson e matá-lo deixou-a menos culpada pela morte de seus entes queridos, isso não porque ela livrou o mundo de um novo errante, mas sim por ter tido a oportunidade de tirar a vida do homem que matou sua filha. Se ela estava certa ou não isso já não importava mais, pois sabia que aquele homem morreria de jeito ou de outro. Em sua consciência ter tirado a vida de Tom enquanto ainda estava na forma Humana dava à sua vingança um sabor ainda mais especial.

Fim.

Diego Zanini | CEO da Agência ZD Publicidade